Deitar na cama e esperar o sono
Como quem espera algo ou alguém
Mas o sono não vem, nem o algo
nem alguém
Saudades de um futuro que lembra
o passado
Misturado, calado, sofrido, nem
tudo nos foi permitido
Calado, sofrido, pensado passado,
encalacrado metido vivido
O que ela quis dizer com aquele
olhar?
O que ela quis olhar com aquele
sorriso?
Olhos miúdos, olhos atentos
Olhos que me ferem
Olhos que me fazem querer
Inevitável desejo de te ter
Pensar no que não foi consumado
Querer o que já é passado
Assassinado, maltratado, desolado
e sonhado passado
As curvas do teu sorriso
O molde vívido do vitral do seu
rosto
Tomam formas geométricas
perfeitas
Que só são desfeitas, ou melhor,
refeitas
Quando se deparam com os meus, os
teus, nossos olhos
Cruzados, paralisados, embebidos
pelo êxtase
Da sensação última e sublime, de
estar contigo.
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