Na serra tá limpo
Chove
Terra cria sulcos
assim como a minha pele
que tem medo de ser só limo
Chove
O sol não se cansa de salientar
As espinhas do planeta
Chove
E a hipocrisia com seus lábios carmim
Seduz mais um bobo
Exaltando seu flanco
Num tubo iconoscópio
Chove
Saliva de um cãoSentir o cheiro do cio
A fêmea agoniza desejo
Chove
Palavras no papel
Trovam coisa qualquer
Talvez pela falta do Carménère
O poeta chove como mar
que traga castelos beira-mar
Já é tarde
Lua nova é de guerra
Em paz
Chove.
Ilustração: Irina Lucero
Nenhum comentário:
Postar um comentário